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O cinema clássico de JOHN FORD
Monumento do cinema americano, John Ford (1894-1973), sempre lembrado como o maior diretor de faroeste de todos os tempos, é o cineasta das grandes paisagens, que redimensionou o gênero (não se restringindo a ele) do western, evocando mitos, história e aspectos psicológicos e morais dos indivíduos para expressar, em seu estilo sedimentado na narrativa clássica, a formação da nação norte-americana.
Em mais de 50 anos de carreira, Ford realizou mais de 130 filmes (embora a maioria de seus filmes mudos esteja perdida). Admirado declaradamente por muitos cineastas, inspirou e influenciou Glauber Rocha, fã de faroeste ao ponto de reivindicar a relevância cultural do gênero e a importância de Ford para o cinema. Outros cineastas como Kurosawa, Bergman, Scorsese e, entre tantos outros, Orson Welles (este, perguntado sobre quem seriam os três maiores diretores da história, teria dito: “John Ford. John Ford. John Ford”), se declararam grandes admiradores do cinema de John Ford.
Valorizando o homem comum norte-americano, retratando-o como aventureiro, forte e destemido, seus heróis, encarnados por estrelas como seu grande amigo John Wayne, e também Henry Fonda e James Stewart, Ford participa da construção imagética de uma época que se tornou mitológica no imaginário cultural: a “conquista do oeste” no século 19, com toda a problemática sobre a formação da nação americana e as questões que o tema implica, também criticamente, como as representações indígenas, tão presentes na cinematografia de John Ford.
Ford perpassou também outros gêneros, como veremos em “As Vinhas da Ira” (1940), em que o diretor de “Rastros de Ódio” se aproxima, a seu modo, do realismo social. Mas é no faroeste, como em “No Tempo das Diligências” (1939), cuja narrativa inspira-se na obra de Guy de Maupassant (“Bola de Sebo”), prescindindo do pessimismo do escritor francês, que Ford narra o heroísmo do cotidiano e a sensibilidade trágica dos indivíduos imersos numa paisagem social e geográfica desafiadora.
O Ciclo John Ford do Cine Cineasta começa sábado, dia 13. Vamos ver, em janeiro, cinco filmes do mestre “irlandês”. Confira a programação de janeiro nos cards.