Neste sábado (25/set), vamos ao nosso 102º Encontro Virtual Cinematógrafo e Saladearte. Será às 16h, via Meet. Participe! Inscreva seu email para receber os links especiais, os acessos às salas virtuais e participar das conversas! OS EMAILS são entregues toda quarta-feira.

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📒 NOTA DOS CURADORES

Há cineastas e, entre estes, há artistas do cinema. Sem elaborar uma distinção entre um e outro, tomemos Rainer Werner Fassbinder e seus mais de 40 filmes como um exemplo expressivo de tensão entre os esquemas de representação social da arte narrativa e o irrepresentável na arte. Em “O Medo Consome a Alma” (1974), Fassbinder nos narra a relação entre uma senhora alemã, faxineira e admiradora naïf da figura de Hitler, e um imigrante marroquino bem mais jovem do que ela, resignado à condição de pária numa Alemanha que se debate com a catástrofe nazista e a reconstrução capitalista.
Fassbinder gostava de melodramas, embora – ultrapassando a passionalidade – aliciava panos de fundo histórico e implacáveis críticas política e social em suas obras. Seus filmes emblemáticos, como “O Casamento de Maria Braum”, “Lili Marlene” e “Lola”, ou “O Desespero de Veronika Voss”, todos posteriores a “O Medo Consome a Alma” expressam isso. Fassbinder retratava, em seus dramas e melodramas, a deterioração dos indivíduos enquanto sinédoque da sociedade alemã. Sua energia autoral engendra uma poderosa dialética entre a ficção dramática do cinema e a ficção real que é a própria sociedade. Sua própria vida caótica e intensa refletia a poética de sua filmografia.
“O Medo Consome a Alma”, também traduzido como “O Medo Devora a Alma”, é, esteticamente, menos emblemático da mística de Fassbinder, com sua dramaturgia de intensidade contida e seus espaços cênicos econômicos e estrutura novelísitca. Porém, este talvez seja um dos filmes que mais profundamente traduzem o gênio provocador de um dos mais importantes e controversos nomes do novo cinema alemão. A aparente simplicidade do filme condensa, a um só tempo, a homenagem de Fassbinder ao seu heroi Douglas Sirk e todo um universo sensível de uma geração imprensada entre o recalque da memória nazista e a dissolução ética da sociedade alemã na espiral capitalista.
Talvez o termo ‘Consome’ no título traduza um pouco melhor do que o “Devora” o tom minimalista do filme. A relação de Emmi e Ali, o casal que protagoniza a narrativa, transcorre num ambiente de opressão que, em vez de devorar-lhes impetuosamente as almas, lança-as a um destino de consumição cotidiana da alma e do corpo.
Por Camele Queiroz e Fabricio Ramos, cineastas e curadores
📌 nossos encontros são abertos e gratuitos.
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Assista ao filme até sábado (25/set) e participe do nosso 102º Encontro Virtual Cinematógrafo e Saladearte. Os curadores Mel e Fabricio vão introduzir a conversa e depois abrir à participação do público. Venha compartilhar suas impressões conosco.
Inscreva seu email para receber os e-mails de nossos encontros, com links e infos. Os e-mails são entregues nas quartas-feiras e os encontros acontecem sempre nas tardes de sábado. A participação é gratuita, aberta a contribuições voluntárias.
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ENCONTROS VIRTUAIS

Os Encontros Virtuais Cinematógrafo e Saladearte vêm acontecendo desde o início da pandemia, sempre com um filme diferente sugerido pelos curadores do Cinematógrafo, os cineastas Camele Queiroz e Fabricio Ramos, e que pode ser visto online, em casa, a qualquer hora antes do encontro. As conversas acontecem via Google Meet e são participativas. A ação é gratuita, aberta e não tem fins comerciais.
Acompanhem o Instagram e Facebook do Cinematógrafo para ficar por dentro de nossa programação de Encontros Virtuais, que acontecerão durante todo o período em que as salas de cinema precisarem ficar fechadas por conta do distanciamento social necessário para conter a disseminação do coronavírus.