Com o retorno dos encontros presenciais em Salvador, nossos encontros virtuais mudaram. A partir deste mês de novembro eles acontecem quinzenalmente, nas noites de quarta-feira (19h30). E os emails com links e infos são entregues sempre no domingo anterior ao encontro.
Nesta quarta (24/nov), vamos ao nosso 109º Encontro Virtual Cinematógrafo e Saladearte. Será às 19h30, via Meet. Participe! Inscreva seu email para receber os links especiais, os acessos às salas virtuais e participar das conversas!

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📒 NOTA DOS CURADORES
“acabar com a imagem do pai que tem o cinema, ou seja, a representação burguesa (…)”, como preconizou Ruy Gardnier – Pro Fabricio e Mel

FESTA DE FAMÍLIA (1998)
De Thomas Vinterberg
O cinema de Thomas Vinterberg é propenso aos temas delicadíssimos e, ao mesmo tempo, fortes. O primeiro filme do diretor dinamarquês, “Festa de Família” (1998), é uma espécie de pedra fundamental do controverso movimento cinematográfico Dogma 95, um conjunto de regras que propunha um outro modo de fazer cinema, estruturalmente ascético e um gesto de resistência às estéticas dominantes na representação cinematográfica manifesta, sobretudo, nos filmes hollywoodianos. “Festa de Família” exprime bem esse ato estético contestatório.
A trama gira em torno da festa de aniversário de 60 anos de Helge (Hemming Moritzen), o patriarca de uma família tradicional dinamarquesa. A festa acontece num antigo hotel de luxo, reservado para o evento familiar. A sombra paterna pesa sobre seus filhos e filhas, fazendo vir à tona fatos inquietantes do passado. Os conflitos internos desenterrados e seus desdobramentos psicológicos compõe um dos dramas mais perturbadores do cinema, intensificado pela abordagem formal de aspecto documental e tom amador.
Já discutimos dois filmes mais recentes de Vinterberg em nossos encontros virtuais: no 41º Encontro, conversamos sobre “A Caça”, de 2012, que aborda o tema do bode expiatório, atravessado por questões morais e os tabus da sexualidade infantil. No encontro 82, o tema foi “A Comunidade”, de 2016, que problematiza as relações sociais, afetivas e familiares num microcosmo urbano de cultura alternativa. O diretor, vê-se por esses filmes, renegou e abandonou os princípios do movimento Dogma 95, inclusive vê-se isso também em seu longa mais novo, “Druk”, Vencedor do Oscar 2021.
Mas “Festa de Família”, que foi indicado à Palma de Ouro e ganhou o Prêmio de Juri em Cannes, assenta-se como um acontecimento simbólico representativo do princípio essencial daquele movimento controverso: “acabar com a imagem do pai que tem o cinema, ou seja, a representação burguesa (…)”, como preconizou Ruy Gardnier, crítico de cinema.
Por Camele Queiroz e Fabricio Ramos, cineastas e curadores



📌 nossos encontros virtuais são abertos e gratuitos.
Participe do nosso 109º Encontro Virtual Cinematógrafo e Saladearte. Os curadores Mel e Fabricio vão introduzir a conversa e depois abrir à participação do público. Venha compartilhar suas impressões conosco.
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