Gravação do nosso 44º Encontro Virtual, realizado em 12 de setembro. O filme tema é “Mãe e Filha” (2011), do diretor cearense Petrus Cariry. O reencontro entre mãe e filha espelha as tensões entre dois tempos, entre pertencimento e abandono, vontade de viver e a presença inaceitável da morte.
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NOTA DOS CURADORES
Maria de Fátima, anti-Ofélia
“Mãe e Filha” (2011), de Petrus Cariry, se situa em algum lugar entre o passado e o presente, um não tempo que transcorre nos silêncios e no flamejar de chamas frágeis. Em uma espécie de Comala verdejante, onde a vida viceja à revelia da solitária presença humana, a morte – na verdade a vida nascida morta – enseja o reencontro de mãe e filha.
Maria de Fátima, vinda de Fortaleza, volta à casa de sua mãe, no interior abandonado do Ceará, para enterrar o seu filho natimorto. Sua mãe, senhora solitária que vive entre os fantasmas e a memória, espera o retorno da vida. O reencontro entre mãe e filha espelha as tensões entre dois tempos, entre pertencimento e abandono, vontade de viver e a presença inaceitável da morte.
Se a Ofélia de Hamlet, cuja representação aparece no filme, encarna o arquétipo da jovem indefesa que sucumbe à loucura e à morte, Maria de Fátima é a anti-Ofélia que persegue a vida, confrontada pela morte do filho e pela alienação da própria mãe. O vilarejo fantasma, assim como a casa da mãe, é povoado pelo imaginário sertanejo na forma de misteriosas presenças de vaqueiros. Mas Maria de Fátima já não pertence a esse mundo.
Em “Mãe e Filha”, a estética minimalista, as imagens poéticas, o aboio quase metafísico, a atmosfera sonora grave que interrompe os silêncios e as pontuais evocações sensoriais auxiliam na construção de uma Poética Sertaneja em transformação que reflete, de uma perspectiva geracional, as mudanças sensíveis de um mundo próprio atravessado pela modernidade ausente e que, aparentemente paralisado, na verdade corre para um futuro incerto.
Por Fabricio e Mel, cineastas e curadores do Cinematógrafo
Vamos conversar sobre “Mãe e Filha” no 44º Encontro Virtual Cinematógrafo e Saladearte Daten, neste sábado (12), às 16h, via Google Meet. Participe!

ENCONTROS VIRTUAIS
Os Encontros Virtuais Cinematógrafo e Saladearte Daten acontecem nas tardes de sábado e nas noites de quarta desde o início da quarentena, sempre com um filme diferente sugerido pelos curadores do Cinematógrafo, os cineastas Camele Queiroz e Fabricio Ramos, e que pode ser visto online, em casa, a qualquer hora antes do encontro. As conversas acontecem via Google Meet e são participativas. A ação é gratuita, aberta e não tem fins comerciais.
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