Nesta quarta, dia 26/abr, vamos ao nosso 141° Encontro Virtual Cinematógrafo e Saladearte! O assunto, desta vez, é o filme “Viva a Liberdade” (2013), do diretor italiano Roberto Andò.
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📒 NOTA DOS CURADORES
… Metáfora alusiva de que a política reflete o estado de ânimo das pessoas?… Por Mel e Fabricio
Vamos rir de algumas coisas sérias. “Viva La Libertà” (2013) é o quarto filme de Roberto Andò, diretor italiano que trabalhou como assistente de nomes como Francis Ford Coppola, Federico Fellini, Michael Cimino e Francesco Rosi, entre outros. Andò, além de cineasta, é roteirista e dramaturgo. Em “Viva a Liberdade”, ele adapta seu próprio romance “Il trono vuoto” (O trono vazio), realizando uma sátira sobre o contexto político na Itália contemporânea (extensível a todo o mundo atual), valorizando as ambiguidades de sentido da palavra liberdade e, com sutileza, o fluxo da vida.
Toni Servillo (ator que vimos em “A Grande Beleza”, de Paolo Sorrentino) é Enrico Olivieri, um político que lidera sem entusiasmo a campanha à presidência de seu partido de centro esquerda. Enrico decide simplesmente desaparecer em meio à reta final da campanha que já vinha mal. Desesperados, seus correligionários tentam encontrá-lo, sem sucesso. Uma solução ocorre ao braço direito de Enrico: em segredo, ele procura o irmão gêmeo do candidato, Giovanni Ernani, um filósofo de atitudes liberadas e personalidade comunicativa, todo o oposto do irmão burocrata de partido, para fingir ser o irmão candidato. Giovanni, que acabara de passar uma temporada numa instituição psiquiátrica, não está disposto aos discursos decorados e às versões oficiais daquela corrida eleitoral. O que poderia dar errado?
Os ‘topoi’ do “duplo” e da “loucura” servem a variadas metáforas. No caso de “Viva a Liberdade”, um mesmo rosto representa duas atitudes radicalmente diferentes. De um lado, um político desanimado que enfrenta uma crise de esgotamento, refletindo o declínio de seu próprio partido, acomodado no sistema. De outro lado, o mesmo rosto, mas agindo com entusiasmo e sinceridade. Metáfora alusiva de que a política reflete o estado de ânimo das pessoas?
Com citações de Antônio Gramsci, uma extraordinária fala real de Fellini e referências ao próprio cinema, “Viva a Liberdade” não é somente sobre política. Enquanto Giovanni assume o seu lugar, Enrico, foragido daquilo tudo, vive experiências e se permite levar pelo fluxo da vida. Talvez a Liberdade do título se refira menos a uma palavra de ordem ideológica do que a um anseio íntimo que pode a tudo transformar, redescobrindo o entusiasmo dos sonhos políticos.
– Por Mel e Fabricio, cineastas e curadores do Cinematógrafo.
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