Uma reflexão poética e filosófica envolvente, “A Ghost Story”, disponível na NETFLIX, subverte os códigos dos ‘filmes de fantasmas’. Este é o filme tema de nosso 46º Encontro Cinematógrafo e Saladearte, neste sábado (19), às 16h, via Google Meet.

Nossos encontros virtuais acontecem às quartas e aos sábados. Os filmes indicados são assistidos com antecedência e são temas de nossas conversas! Para participar e receber por email os links especiais e as infos de nossos encontros virtuais, cadastre-se:

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NOTA DOS CURADORES

Por Fabricio e Mel, cineastas e curadores do Cinematógrafo

Difícil de classificar, “A Ghost Story” recorre à iconografia dos fantasmas típica dos quadrinhos, mas embaralha os códigos da representação arquetípica.

“A Ghost Story” (Sombras da Vida, 2017) é uma história de fantasma! Mas que se desvia das convenções do cinema de terror, subvertendo seus códigos para compor um drama existencial sobre a transitoriedade da vida e a fugacidade de tudo, em contraste com a nossa vontade de permanência e não aceitação da finitude.

Ela (Rooney Mara) e ele (Casey Affleck) são um jovem casal que se prepara para mudar de casa. Mas ele morre num banal acidente de carro. Ela tenta superar a perda repentina, enquanto vive o luto. Ele, entretanto, reaparece na forma de um fantasma silencioso e volta a habitar a casa em que moravam, oculto em uma dimensão inacessível para ela.

Difícil de classificar, “A Ghost Story”, escrito e dirigido por David Lowery, recorre à iconografia dos fantasmas típica dos quadrinhos e desenhos animados: o lençol branco com dois buracos vazios na altura dos olhos. Mas o fantasma de Affleck, embora mudo (será mesmo Affleck ali o tempo todo?) transmite, em seu silêncio e passividade, uma melancolia penetrante que, de imediato, embaralha os códigos da representação arquetípica.

Aliando temas metafísicos a uma subversão paródica de filmes de fantasma, “A Ghost Story” tem sido apontado como um entre vários filmes de um sub-gênero emergente, classificado como pós-terror, que substitui os sustos e as criaturas horripilantes por dramas existenciais em relação com os medos sociais profundos (A Bruxa, de Robert Egger, é um exemplo, e It Comes at Night, de Trey Edward Shults, outro).

De fato, não obstante a atmosfera indie, uma das cenas de “A Ghost Story” reproduz as típicas assombrações do tipo Poltergeist, embora pelas vias de uma rotação de perspectiva que desloca o lugar do fantasma na ação. Outras referências estéticas mais ou menos evidentes são os filmes de Apichatpong Weerasethakul (certa naturalização do sobrenatural me lembrou “Tio Boonmee”), e os filmes de horror psicológicos de Kubrick, em The Shining, e de Polanski, especialmente o da chamada “trilogia do apartamento”, destacando o famoso O Bebê de Rosemary.

Mas, muito embora o filme de Lowery nos apresente efetivamente uma história de fantasma, ele desvia das convenções do cinema de terror, ignora seus códigos e regras básicas. Trata-se, aliás, de um filme bem modesto, sob todos os aspectos. Mas a amplitude de seus temas em contraste com a simplicidade dramática e minimalismo narrativo, aciona os nossos próprios fantasmas e evocam a nossas relações espirituais com o tempo e a finitude, que definem a vida destinada, como tudo, a passar.


 

Vamos conversar sobre “A Ghost Story” no 46º Encontro Cinematógrafo e Saladearte Daten, neste sábado (19/set), às 16h, via Google Meet.

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ENCONTROS VIRTUAIS

Os Encontros Virtuais Cinematógrafo e Saladearte Daten acontecem nas tardes de sábado e nas noites de quarta desde o início da quarentena, sempre com um filme diferente sugerido pelos curadores do Cinematógrafo, os cineastas Camele Queiroz e Fabricio Ramos, e que pode ser visto online, em casa, a qualquer hora antes do encontro. As conversas acontecem via Google Meet e são participativas. A ação é gratuita, aberta e não tem fins comerciais.

Acompanhem o Instagram e Facebook do Cinematógrafo para ficar por dentro de nossa programação de Encontros Virtuais, que acontecerão durante todo o período em que as salas de cinema precisarem ficar fechadas por conta do distanciamento social necessário para conter a disseminação do coronavírus.

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