Sala Virtual de quarta (18), às 19h30: Acesse aqui.
“Ciganos da Ciambra” (2017), do diretor ítalo-americano Jonas Carpignano, é o filme tema dos 59º e 60º Encontros Virtuais Cinematógrafo e Saladearte. O primeiro encontro sobre o filme é neste sábado, 14 de novembro, e o segundo é na quarta, dia 18. No sábado, nosso encontro é com o filme em si para conversarmos sobre os seus temas e impactos em nós. Na quarta, nós nos colocamos, através do filme, diante do próprio cinema para pensá-lo como linguagem artística.

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NOTA DOS CURADORES
real e visual: cumplicidade ambígua para com os sobreviventes da sociedade da exclusão

Transitando entre a referência primordial do neorrealismo, a emergência da Nouvelle Vague e a lírica austera do drama social latino-americano, “Ciganos da Ciambra”, do diretor ítalo-americano Jonas Carpignano, registra a vida que se decupa na tela, tensionando a relação com o real, tão ambicionada pelo cinema, com a relação com o visual, a real ideologia do cinema.
Para realizar “Ciganos da Ciambra”, Jonas Carpignano retorna à comunidade em que ele já havia realizado um curta-metragem. Encantado pela figura magnetizante de Pio, ele passa a conviver com os moradores do lugar e, sobretudo, com a família Amato, personagens reais que emprestam suas presenças ao filme, para – dessa experiência – extrair a sua matéria cinematográfica.
“Ciganos da Ciambra” narra uma história comovente de formação juvenil, drama social e estética de evocação documental. Pio Amato é um garoto de 14 anos que vive com sua família na comunidade cigana de Ciambra, situada na Calábria, sul da Itália. Diante das circunstâncias adversas que marcam a áspera realidade local, Pio se vê instado a amadurecer e a agir como um adulto, para compensar, no seio da família, a ausência de seu irmão mais velho, que está preso. A ardente vontade de afirmação de Pio o leva a querer ser como o irmão, praticando crimes e delitos que, ao fim e ao cabo, ajudariam no sustento da família.
Produzido por Martin Scorsese e, também, pelo brasileiro Rodrigo Teixeira (que assina filmes de sucesso internacional, como “A Bruxa” e “Me Chame Pelo Seu Nome”, entre outros), “Ciganos da Ciambra” evoca a poética do abandono que atravessa a história do cinema, desde a lírica austera latino-americana de “Os Esquecidos” (1950), de Luis Buñuel, e da infância dos mortos de “Pixote” (1980), de Hector Babenco, até o neorrealismo que situou as crianças em um lugar de centralidade, passando pela crônica social europeia de “Os Incompreendidos” (1959), de François Truffaut, e do realismo social e naturalista dos irmãos Dardenne, para ficar em alguns exemplos.
A partir do encontro com o real, “Ciganos de Ciambra” busca uma forma: a iluminação crua dos interiores e a estética do improviso nos lançam ao aparente imediatismo do cinema de ensaio social, ao passo que os planos sempre próximos de Pio e, narrativamente, os desafios que ele assume em seu conflituoso rito de passagem, acionam a nossa cumplicidade ambígua para com os sobreviventes da sociedade da exclusão, marcados pelo estigma e largados à própria sorte, numa vida repleta de tensões sociais, econômicas, raciais e éticas.
Por Fabricio e Mel, cineastas e curadores do Cinematógrafo

ENCONTROS VIRTUAIS
Os Encontros Virtuais Cinematógrafo e Saladearte Daten acontecem nas tardes de sábado e nas noites de quarta desde o início da quarentena, sempre com um filme diferente sugerido pelos curadores do Cinematógrafo, os cineastas Camele Queiroz e Fabricio Ramos, e que pode ser visto online, em casa, a qualquer hora antes do encontro. As conversas acontecem via Google Meet e são participativas. A ação é gratuita, aberta e não tem fins comerciais.
Acompanhem o Instagram e Facebook do Cinematógrafo para ficar por dentro de nossa programação de Encontros Virtuais, que acontecerão durante todo o período em que as salas de cinema precisarem ficar fechadas por conta do distanciamento social necessário para conter a disseminação do coronavírus.