Nos dias 24 (sáb) e 28 (qua) de outubro, nossos Encontros Virtuais Cinematógrafo e Saladearte terão como tema “Andrei Rublev” (1966), uma das obras-primas do cineasta russo Andrei Tarkovski. No sábado, nosso encontro é com o filme em si para conversarmos sobre os seus temas e impactos em nós. Na quarta, nós nos colocamos, através do filme, diante do próprio cinema para pensá-lo como linguagem artística.
Nossos encontros virtuais acontecem às quartas e aos sábados. Os filmes indicados são assistidos com antecedência e são temas de nossas conversas! Para participar e receber por email os links especiais e as infos de nossos encontros virtuais, cadastre-se:
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NOTA DOS CURADORES
A formação do caráter do artista em relação com o mundo em crise
Andrei Tarkovski (1932-1986), cineasta russo, concebia o cinema como a arte plena capaz de “situar os problemas mais complexos do mundo moderno no nível dos grandes problemas que, ao longo dos séculos, foram objetos da literatura, da música e da pintura” (dito em seu livro, “Esculpir o Tempo”).
“Andrei Rublev” (1966) é o segundo longa-metragem do diretor, autor de sete obras-primas do cinema. Nesta obra, aparecem temas como liberdade artística, a mística religiosa, as arbitrariedades políticas de regimes persecutórios da arte e o lugar do autodidatismo e da intuição espiritual na criação artística. Ressignificando as lacunas históricas acerca da figura de Andrei Rublev, artista do século XV que é considerado o maior pintor russo de ícones, afrescos e miniaturas para iluminuras, Tarkovski rejeitou o relato de tipo biográfico, preferindo mostrar os caminhos que o pintor percorre para se tornar artista, em meio a um período turbulento da história da Rússia.
O Andrei cineasta da União Soviética do século XX, período da ameaça da Guerra Fria, identifica (ou imagina) no seu homônimo histórico a afinidade espiritual para enfrentar os dilemas essenciais do ser humano, sejam estes de ordem metafísica ou de ordem moral, em contextos de grandes crises. Tarkovski valoriza, em seu Rublev, a formação do caráter do artista em confronto com a própria experiência da vida e o sacrifício, tema caro a Tarkovski, necessário para se viver uma vida íntegra, equilibrando a melancolia e o potencial esplendor da existência.
O filme é estrelado por Anatoly Solonitsyn, Nikolai Grinko, Ivan Lapikov, Nikolai Burlyayev e por Irma Raush (que era esposa de Tarkovski). Na União Soviética, o filme sofreu censura governamental. Nos EUA, as interferências no filme se deram por razões comercais. Enfim, “Andrei Rublev” foi restaurado e lançado em sua versão original, passando a ser considerado um dos maiores filmes de todos os tempos.
Por Fabricio e Mel, cineastas e curadores do Cinematógrafo na Saladearte.
“ANDREI RUBLEV” está disponível na plataforma Petra Belas Artes – À La Carte, serviço de streaming com um dos melhores catálogos de filmes na internet.
ENCONTROS VIRTUAIS
Os Encontros Virtuais Cinematógrafo e Saladearte Daten acontecem nas tardes de sábado e nas noites de quarta desde o início da quarentena, sempre com um filme diferente sugerido pelos curadores do Cinematógrafo, os cineastas Camele Queiroz e Fabricio Ramos, e que pode ser visto online, em casa, a qualquer hora antes do encontro. As conversas acontecem via Google Meet e são participativas. A ação é gratuita, aberta e não tem fins comerciais.
Acompanhem o Instagram e Facebook do Cinematógrafo para ficar por dentro de nossa programação de Encontros Virtuais, que acontecerão durante todo o período em que as salas de cinema precisarem ficar fechadas por conta do distanciamento social necessário para conter a disseminação do coronavírus.
Cinematógrafo na Saladearte 