Dentro da programação especial do Cine Cineasta de fevereiro (confira aqui), vamos ver “Trono Manchado de Sangue”, uma obra-prima de Akira Kurosawa que adapta “Macbeth”, a mais conhecida das peças de Shakespeare, para o Japão feudal. Quarta (12), às 19h20, na Saladearte – Cinema da UFBA

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Do @cinematografo_ssa

“Trono Manchado de Sangue” (1957) é uma obra-prima de Akira Kurosawa que adapta “Macbeth”, a mais conhecida das peças de Shakespeare, para o Japão feudal: o filme se passa no período Sengoku*.

As relações humanas marcadas pelo Poder é tema atemporal. Em nosso momento atual, impossível desvencilhar os últimos acontecimentos envolvendo diretamente a esfera presidencial do poder da República, sem esquecer a tragédia cotidiana de violências múltiplas que são a expressão de um país perversamente desigual e suas estruturas dominantes.

Mas, se em Macbeth, o “inventor do humano” narra uma sangrenta trama de assassinatos, traições e loucura, em “Trono Manchado de Sangue” o mestre japonês traduz essa atmosfera evocando a força das imagens. A luz que compõe as aparições da “Lady Macbeth” de Kurosawa e a sempre excepcional performance de Toshiro Mifune, com suas intensas expressões faciais, são apenas alguns dos elementos que tornam o filme uma das mais vivas e elaboradas adaptações de Macbeth para o cinema!

Conta-se que Laurence Olivier, o grande ator e diretor britânico, referindo-se a “Trono Manchado se Sangue”, disse a Kurosawa: “Essa interpretação de Macbeth é errônea. Macbeth é um homem que sofria de uma maneira muito humana”.

Kurosawa respondeu: “Eu penso que Macbeth é a tragédia de um homem simples, que era manipulado pelos outros”.

A amplitude da peça de Shakespeare permite essa ambiguidade acerca do humano que se defronta com o mundo e a ambição até a loucura. Mas, ao transpô-la para o cinema, Kurosawa mostrou também sua mestria, construindo cenas impactantes, seja pela evocativa cena do estouro dos cavalos, seja pela sutileza do bando de pássaros que invadem o castelo antes de a floresta se mover. Além, é claro, de contar a sua maneira o drama do enlouquecimento da senhora Asaji Washizu, que assume soberbamente o papel da Lady Macbeth da peça original, acentuando o seu drama na forma um inesquecível jogo entre vida e morte.

Imperdível! Tem conversa depois da sessão que acontece às 19h20 desta quarta (12), na Saladearte – Cinema da UFBA.

* período Sengoku foi uma das fases mais conturbadas e instáveis da história do Japão, marcada por constantes guerras. Ocorreu entre a metade do século XV e o final do século XVI.

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