O Cinematógrafo realiza o Ciclo Naomi Kawase do Cine Cineasta: entre 13 e 21 de maio, no Circuito Saladearte. Neste mês, serão cinco filmes: As três primeiras sessões serão no Cine Daten Paseo; as duas últimas, no Cinema da UFBA. Confira a programação:

NAOMI KAWASE

“No início da minha carreira, eu produzia filmes para matar essa solidão… Agora, estou produzindo os filmes para retratar a beleza da ligação e conexão das vidas”. (N. Kawase, 2007)

Quem conhece a obra de Naomi Kawase, sabe: seu cinema é de pregnância, evocativo das forças da natureza, os seus temas são as relações humanas, a perda e o luto em conflito com a vontade de viver, e seus personagens oscilam entre a angústia meditativa e lampejos de uma profunda alegria.

Nascida em Nara, interior do Japão, Kawase, que tem 53 anos, deve muito de sua projeção internacional ao Festival de Cannes, onde seus filmes são presença constante e ela mesma já participou do júri oficial do festival. Seus primeiros filmes, que remontam às décadas de 1980-90, são ensaios autobiográficos de reencontro com o passado, marcados pela paisagem rural de sua terra natal.

Seus trabalhos mais recentes são dramas cheios de carga emocional, narrados, porém, com sutileza e um caráter autoral que a diferencia de seus contemporâneos. Relações familiares, lampejos espirituais, o luto e a busca de sentido para a vida são seus temas essenciais.

No ciclo, vamos ver sete filmes de Naomi Kawase: cinco neste mês de maio e mais dois em junho, fechando a mostra.

[ABERTURA] “O SEGREDO DAS ÁGUAS” (2014) SÁB, dia 13/mai, às 10h30, no CINE DATEN – PASEO

Kaito e Kioko são dois jovens estudantes que vivem numa ilha do sul do Japão. Ele, vindo de Tóquio, ela crescida ali junto ao pai surfista e à mãe “xamã”, que está doente. Juntos, eles vivem seus medos e desafios emocionais e morais, a descoberta da impetuosa sexualidade juvenil, a sábia melancolia da velhice e o mistério da morte.  Nomeado à Palma de Ouro no Festival de Cannes (2014), O Segredo das Águas é uma experiência poética e dramática sobre os encantos e dores da vida.


 

SESSÃO 2: “MÃES DE VERDADE” (2020) DOM, dia 14/mai, às 10h30, no CINE DATEN – PASEO

Após um longo e frustrado esforço para engravidar, e convencidos pelo discurso de uma associação de adoção, Satoko e o marido decidem adotar um menininho. Alguns anos depois, a condição de mãe e pai do casal é abalada por uma garota desconhecida, Hikari, que lega ser a mãe biológica da criança. O filme é atravessado por um leque de sentimentos associados ao desejo de maternidade.


 

SESSÃO 3: “FLORESTA DOS LAMENTOS” (2007) QUA, dia 17/mai, às 20h20, no CINE DATEN – PASEO.

Shigeki é um velho que vive num asilo rodeado de uma vasta floresta, apegado à memória de sua esposa Mako, que morrera há 33 anos. Machiko é uma jovem cuidadora que passa a trabalhar no asilo e se aproxima de Shigeki. É que ela também vive  o luto da perda de seu filho. O encontro de ambos, através de um passeio frustrado, os conduz ao interior da floresta e ao interior de suas próprias dores.


 

SESSÃO 4: “SABOR DA VIDA” (2015) SÁB, dia 20/5, às 10h30, no CINEMA DA UFBA

A exemplo dos filmes anteriores da diretora que passaram por nossos encontros, “O Segredo das Águas” e “Floresta dos Lamentos”, este “Sabor da Vida” evoca essa sensorialidade – a presença corpórea da natureza através dos sons, das sensações táteis, do paladar – para narrar uma história impregnada de afetividade contida, sentimento trágico e tomada de consciência sobre a experiência de viver. “Viemos a este mundo para vê-lo e ouvi-lo”, diz Tokue a Sentaro. Ambos, por razões distintas, viveram isolamento social e sofreram estigmatizações.

Tokue se oferece para trabalhar no quiosque que Sentaro gerencia, fazendo e vendendo dorayakis, iguaria doce feita à base de “An”, uma saborosa pasta de feijão. O lugar se torna o espaço de um encontro geracional transformador entre a septuagenária Tokue, o quarentão Sentaro e a jovem Wakana, estudante de postura quieta e olhar profundo.

“Sabor da Vida” transita entre o drama realista, a poesia visual e metáfora realista. A narrativa atravessa as estações do ano como a existência atravessa diferentes estações da vida: a primeira juventude com o olhar fincado no futuro, a chegada da maturidade na encruzilhada do tempo, a velhice e a consciência da finitude.


 

SESSÃO 5: “ESPLENDOR” (2017) DOM, dia 21/5, às 10h30, no CINEMA DA UFBA

Misako escreve versões de filmes para deficientes visuais. Durante uma exibição, ela conhece Nakamori, um fotógrafo mais velho que, lentamente, está perdendo a visão. Quando Misako descobre as fotografias de Nakamori, essas imagens irão, estranhamente, levá-la de volta ao seu passado. Juntos, os dois vão aprender a enxergar o mundo radiante que, antes, estava invisível aos olhos dela.


 

📍Em junho, veremos “Caracol” (1994), o primeiro de uma sequência conhecida como “Trilogia da Avó”, em que Kawase registra poeticamente a sua relação com a tia-avó que a criou, depois do desaparecimento de seus pais. Encerrando o ciclo, veremos “Hanezu” (2011), drama poético rodado em Nara.

Acompanhe no @cinematografo_ssa textos e informações sobre os filmes, a serem postados ao longo do ciclo.

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