Gravação do 16º Encontro:
Nota dos curadores:
Fado é também destino. Em “A Religiosa Portuguesa” (2009), o fado, encarnado pelas vozes e presenças calorosas de Aldina Duarte e Camané, dá o tom do filme e do destino das personagens.
As origens do fado, aliás, são incertas. Pode ter suas raízes mais profundas no Lundu e nas danças angolanas. Como não captar nesse filme, que irradia a energia de Lisboa, uma presença da Cidade da Bahia, dessa Salvador que é um grande anfiteatro barroco e “afroíndio” — em suma, brasileiro.
A história de Julie de Hauranne, uma jovem atriz francesa que fala a língua da sua mãe, o português, mas que nunca esteve em Lisboa, quando chega pela primeira vez à cidade, onde vai rodar um filme baseado nas “Lettres portugaises” de Guilleragues. Rapidamente, deixa-se fascinar por uma freira que vai rezar, todas as noites, na capela da Nossa Senhora do Monte, na colina da Graça. No decurso da sua estadia, a jovem vive uma série de encontros, que, à imagem da sua existência anterior, parecem efêmeros e inconsequentes. Mas, após uma noite em que, finalmente, fala com a freira, ela consegue entrever o sentido da vida e do seu destino.
Uma breve cena do filme sintetiza bem o humor de Eugène Green e o estilo do filme: na história, em que há um filme acontecendo dentro do filme, aparece um diálogo entre a atriz e sua maquiadora. Esta – ao ouvir que o filme não é convencional – dispara: “chato, então”. Ao que a atriz responde: “espero que não, a história me emociona”. Eugène Green está a falar diretamente conosco, através da energia de suas personagens. E fala profundamente.
Link especial para ver o filme (acessível até dia 7 de junho). Lembre-se de ativar as legendas: clique aqui.
Nosso 16º Encontro Virtual do Saladearte Daten e Cinematógrafo é neste sábado, 6 de junho, às 16h.
Para receber por email os links de nossos encontros, cadastre seu email: clique aqui. e/ou acompanhe as nossas redes sociais no Instagram e Facebook.