“O Vento nos Levará” (1999), de Abbas Kiarostami, é o filme tema de nosso 22º Encontro, que acontece neste sábado, 27 de junho, às 16h, via Google Meet.
Gravação do 22º Encontro:
NOTA DOS CURADORES
De um olhar a outro.
De Araçás, vilarejo na Paraíba, vamos para um vilarejo no Irã. Enquanto Eduardo Coutinho realizou “o Fim e o Princípio” como uma busca, Kiarostami realiza “O Vento nos Levará” enquanto espera. Ambos os filmes são acontecimentos sobre a vida e a finitude vivenciadas por um diretor que chega a um pequeno vilarejo tentando entrever seus mistérios.
Para Abbas Kiarostami, um filme não deve se limitar a ilustrar um roteiro nem representar uma coisa; deve ser um acontecimento. Mas, em seus filmes, o princípio da incerteza, típico de filmes documentais, cumpre uma função fundamental na proposta estética do diretor, que oscila entre a realidade e o artifício. O acontecimento não se traduz num fato, portanto, nem numa obra fechada em si mesma. Trata-se, antes, de uma busca, de uma espera, de um filme sempre incompleto, não por lhe faltar algo propriamente, mas por oferecer tantas coisas que nos escapam para serem por nós recriadas.
Em “O Vento nos Levará” (Irã, Fra, 1999), uma equipe de filmagem, da qual só veremos o diretor, vai a um vilarejo para registrar o ritual fúnebre da senhora Malek, mas a morte da anciã demora de acontecer. O filme transcorre nessa espera que, esteticamente, se expressa pelo minimalismo e pela transcendência, através do mistério que a vida e o tempo inspiram, resultando num cinema que alia extrema simplicidade com sutil depuração, além de um pensamento sobre o próprio cinema.
Os filmes de Kiarostami começaram a circular pelo Ocidente no final dos anos 1980, graças a “Onde fica a casa de meu amigo?” (1987), filme exibido no no CinematograFinho! Sua obra que, marcadamente, valoriza o transcendente através do prosaico, a vida mesma através do artificialismo assumido, ficções com jeito de documentário, chamaram a atenção de críticos e cinéfilos e, até a sua morte em 2016, já era considerado um dos maiores cineastas contemporâneos.
Por fabricio ramos e camele queiroz
“O Vento nos Levará” é o filme tema de nosso 22º Encontro Virtual Cinematógrafo e Saladearte Daten, que acontece neste sábado (27), às 16h, via Google Meet.
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O Cinematógrafo é uma ação dos cineastas Fabricio Ramos e Camele Queiroz em parceria com o Circuito de Cinema Saladearte.
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OS ENCONTROS SALADEARTE DATEN e CINEMATÓGRAFO
Enquanto as sessões do Cinematógrafo no Circuito de Cinema Saladearte estão suspensas por conta do distanciamento social imposto pelo coronavírus, a Saladearte Cine Daten, junto com os curadores do Cinematógrafo – os cineastas Camele Queiroz e Fabricio Ramos – vão promover encontros virtuais para conversar sobre filmes que serão propostos e podem ser vistos online.
A cada semana, os curadores indicarão nas redes sociais do Cinematógrafo e do Circuito Saladearte um filme para ser visto online, em casa! Os bate-papos virtuais sobre os filmes acontecem sempre aos sábados (16h) e às quartas (19h30), na plataforma Google Meet, com mediação dos próprios curadores. A dinâmica é participativa.
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