Estamos diante de um filme que fará vibrar todas as nossas cordas espirituais: a da emoção sutil, da beleza trágica, da crítica social, da Alegria profunda, do Amor místico. O cinema do iraniano Mohsen Makhmalbaf, em diferentes fases, transita entre o realismo e o surreal, afrescos do cotidiano e fantasia, o simbolismo sufi e temas da infância e do cinema, e, em sua última fase, a Poesia.

“O Silêncio”, de 1998, exprime bem essa última fase. Nele, acompanhamos Khorshid, um menino cego que vive com sua mãe, numa casa à beira do rio, em algum lugar do Tajiquistão. O senhorio vem cobrar o aluguel atrasado todas as manhãs e, sob a ameaça de despejo, Khorshid precisa ajudar a sua mãe a providenciar o dinheiro. Sua cegueira deu a ele uma habilidade prodigiosa na afinação de instrumentos musicais, o que lhe rendeu um emprego numa oficina de fabricação de instrumentos musicais. Mas Khorshid é atraído pelos sons que o rodeiam o tempo todo e sempre perde a noção do tempo e do lugar quando escuta a musicalidade nas ruas. Isso lhe cria dificuldades no emprego e ele precisa lutar, com a companhia de sua amiga Nadareh, para encontrar um equilíbrio entre seu pendor pela música e a sua responsabilidade como arrimo de família.

Aqui, o jogo entre os sons, as imagens e a musicalidade assumem funções de formação de subjetividades próprias e de alusão a simbolismos, em especial, de filiação sufi. Explorando as relações do indivíduo com o ambiente (social e político) e valorizando o aspecto universal da Música, “O Silêncio”, isentando-se de discursos ideológicos, traduz os contrastes e encantos da atmosfera cultural persa.

Khorshid, errando com sua amiga Nadareh (Nadereh Abdelahyeva) pela cidade colorida e viva, reimagina o mundo à sua maneira e nos convida a inventar, junto com eles, uma maneira comum de ver e viver a beleza. A Fotografia delicada, a composição sonora e o ritmo fluido como um rio dão ao filme um tom poético e trágico, porém, cheio de encantamento no seio de um mundo desordenado e hostil, mas fonte de música!

POR MEL E FABRICIO


⏰️ Sessão única. 16h, no Cinema do Museu (Corredor da Vitória). Depois, roda de conversa aberta, mediada pelos curadores.

📌 A ideia do Cinematógrafo é expandir a nossa relação com o cinema e cada filme apresentando, trazendo-os para a experiência da própria vida, assumindo a reflexão sobre questões contemporâneas de nosso mundo, evocadas pelos filmes e pela arte do cinema!

Participe. O Cinematógrafo torna o Cinema um lugar de encontro, dedicado à fruição, à formação de amizades, à reflexão crítica e ao pensamento livre.

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