Último trabalho do diretor russo Andrei Tarkovski, “O Sacrifício”, de 1986, encerra o ciclo do Cine Cineasta dedicado ao diretor. Sessão especial nesta quarta (27), às 19h20, na Saladearte da UFBA.

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No ciclo Tarkovski do Cinematógrafo – Cine Cineasta, cujo encerramento acontecerá nesta quarta (27/11) com a exibição do último filme do diretor, pudemos conhecer a obra completa de um dos maiores criadores da arte cinematográfica.

“O Sacrifício”, lançado em 1986 poucos meses antes da morte do diretor, foi chamado de sua súmula testamental. Em Tarkovski, vida e arte se entrelaçam e a obra do diretor expressa isso com integridade.

Sobre a narrativa de “O Sacrifício”, nas palavras do próprio Tarkovski, em seu livro “Esculpir o Tempo”:

“Alexander, um ator que abandonou os palcos, está perpetuamente esmagado pela depressão. Tudo enche-o de cansaço: as pressões da mudança, a discórdia na família,  e sua percepção instintiva da ameaça representada pelo progresso inexorável da tecnologia. Ele chegou ao ponto de odiar o vazio do discurso humano, do qual procura fugir adotando um silêncio no qual espera encontrar a paz. Alexander oferece ao público a possibilidade de participar do seu ato de sacrifício e de ser influenciado por seus resultados.”

Cada filme de Tarkovski, como vimos, nos convida a uma profunda reflexão sobre questões da vida e do espírito, abordadas com ênfase poética em cada plano e, tematicamente, assumindo o desafio de conciliar a busca do conhecimento com a dimensão espiritual da condição humana, refletindo a visão intimista e transcendente da vida pensada a partir de uma visão Ética do mundo. Em “O Sacrifício” o diretor tenta responder a algumas questões, sintetizando-as no Amor: para Tarkovski, o amor é auto-suficiente e, por isso, o sacrifício – a entrega em favor da redenção do outro e do mundo – não faz exigências senão a si mesmo.

Indicado à Palma de Ouro no festival de Cannes de 1986, venceu em quatro categorias: Grande Prêmio Especial do Júri, Prêmio da Crítica Internacional, Prêmio pela Melhor Contribuição Artística e Prêmio do Júri Ecumênico.

Rodado na Suécia com a ajuda de colaboradores de Ingmar Bergman, dentre eles, o diretor de fotografia Sven Nykvist, o ator Erland Josephson e o próprio filho de Bergman, Daniel, como assistente de câmera, “O Sacrifício”, simbolicamente, é um belíssimo epitáfio do artista que sacrificou tudo à arte e ao cinema, desde sua terra natal até o convívio com sua própria família. Para sermos mais jutos, Tarkovski se sacrificou em nome do seu próprio ideal Ético e espiritual, como um sacerdote que se devotou ao cinema.

Ingmar Bergman, por sua vez, disse: “Tarkovski para mim é o maior, aquele que inventou uma nova línguagem, fiel à natureza do cinema, uma vez que capta a vida como um reflexo, a vida como um sonho”.

Sessão de “O Sacrifício”, de Andrei Tarkovski, nesta quarta (27), às 19h20, na Saladearte da UFBA.

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